quinta-feira, 31 de julho de 2014

Nacionalismo

Há muito tempo que estou para escrever algo sobre os movimentos nacionalistas em Portugal. Gostaria de começar por dizer que apesar de ter participado em alguns eventos de forma mais ou menos activa, nunca estive filiado em nenhum dos movimentos que existem ou existiram em solo lusitano, assim como, o meu relacionamento com os líderes e homens fortes dos respectivos se limitou a uma ou outra conversa informal. Resumindo, não conheço ninguém, não sou ninguém e não almejo ser alguém. Afirmo isto não como motivo de orgulho, mas para que não restem dúvidas que a minha análise é oriunda de alguém que vê de fora e, consequentemente, não tem vontade de agradar a quem quer que seja.
 
Posto isto, basta uma palavra para definir o nacionalismo em Portugal. Fracasso. É verdade, após quarenta anos de democracia os diferentes líderes nacionalistas portugueses conseguiram pouco mais do que alimentar disputas e quezílias privadas baseadas nas diferenças de opinião e nos enormes egos mal disfarçados que possuem. A consequência foi o enfraquecimento da unidade daqueles que deveriam servir a Nação acima de tudo o resto.
 
E que diferenças insanáveis são estas? Simplesmente RIR. Religião, Israel e Raça.
A religião é uma questão do foro interno de cada um. Desde que não me tentem vender nada... Viram como foi simples? Falta o IR.
Israel não pode ser motivo de discordância. Os defensores de um nacionalismo "moderno" pró-Israel que me perdoem, mas qualquer movimento pró-sionista é por natureza pró-capitalista e anti-revolucionário.  É o capital que escraviza o nosso povo, defende-lo, é não mudar nada.
Resta-nos a Raça, porventura a questão de maior dificuldade de análise tendo em conta o nosso passado. O Diabo desta semana traz um artigo sobre Marcelino da Mata. Leiam e depois em consciência analisem e questionem-se sobre esta matéria.
 
Sumariamente, quando o Amor a Portugal deveria subjugar tudo o resto, é o ódio fraterno sedimentado em questões pessoais e justificado com diferenças ideológicas que prevalece. Esperemos por melhores dias.

Adenda: Desde já aviso que comentários insultuosos não serão publicados. Aceitam-se opiniões e sugestões sobre o assunto.


9 comentários:

Anónimo disse...

Muito sinteticamente (depois desenvolvo): sobre o primeiro ponto, há que reconhecer o contributo do catolicismo para a história de Portugal e da Europa - isso parece-me inquestionável. Também me parece inaceitável a difamação que alguns lançam sobre a crença de outros. Por exemplo, quando no Gladius o sr. Carvalhana fala em "judeu morto", referindo-se a Jesus e diz que não há hipótese de conciliação ou acordo com os católicos, exprime a sua opinião, mas também a de outros pagãos. Agora é moda ser-se pagão, mas a mim parece-me que, sendo católicos, ninguém põe em causa o valor de Salazar, Degrelle, Franco, Codreanu (ortodoxo) e outros. Ou, se calhar, até põem, porque muitos nacionalistas de hoje em dia é que sabem tudo, apesar de não saberem nada.
Sobre Israel, trata-se de um estado que defende os seus e tomara eu que Portugal e a Europa defendesse os seus. Israel é a base avançada da civilização ali, naquele lugar. Tudo bem, a banca, os media, em parte, são controlados por judeus e uma coisa são os judeus e outra os sionistas, por isso demora a conversar sobre isto. Agora, ver nacionalistas ao lado de quem quer reconstruir o califado e aspira a reconquistar o Andaluz só porque esses fulanos combatem Israel... poupem-me e vão estudar História em vez de teorias da conspiração.
Raça: tenho e terei presentes as 14 palavras, mas também tenho presentes que boa parte dos brancos são uma boa m**** e que, em termos históricos, Portugal foi o que foi e não se pode apagar a História como faziam os estalinistas. Houve portugueses pretos que fizeram mais por Portugal do que muitos brancos. Marcelino da Mata é um exemplo. Mais uma vez: os que criticam Salazar e falam em minho-timorenses vão estudar História. Aos que são NS pergunto: as SS não tiveram indianos?
Líderes: não há. Há um partido que tem um líder que não tem carisma nem visão política para liderar e isso tem-se visto. Tem havido grupos, aqui e ali. Vai(?) surgir o NOS, no qual depositava algumas esperanças, não sei quem será o líder, mas tirando um ou dois indivíduos no meio não há quem tenha visão estratégica, quem seja capaz de fazer política segundo princípios políticos a sério. Tem-se brincado ao nacionalismo, por isso é que a coisa não passa da cepa torta.
Continuamos a conversa mais logo, se quiseres.

Afonso de Portugal disse...

O segundo parágrafo parece-me absolutamente certeiro: o maior problema do Nacionalismo “tuga” são os enormes egos e provincianismo intelectual de muitos dos seus protagonistas. No entanto, julgo que a questão não é só RIR, o que já não seria pouco. O problema é mesmo DE-RIR, i.e. há pelo menos mais duas dimensões a considerar no que respeita às diferenças entre nacionalistas: (1) Democracia e (2) Economia.
Vamos começar pelo RIR.

Religião: O caro trolha escreveu: “A religião é uma questão do foro interno de cada um”. Eu receio que não seja assim tão simples, porque a religião condiciona as atitudes dos seus seguidores, para o melhor e para o pior, acabando por afectar toda a nação.

Os cristãos, por exemplo, acreditam no pecado original, no dogma do amor ao próximo e, talvez o pior de tudo, em dar a outra face ao inimigo, uma atitude que até fazia sentido na Palestina subjugada ao império romano em que Jesus Cristo viveu, mas é terrível na Europa contemporânea, porque é explorada habilmente pela superclasse na prossecução do multiculturalismo. “Por minha culpa (escravatura), minha tão grande culpa (colonialismo)!”

Já os islâmicos acreditam precisamente no oposto: submissão incondicional a Alá, observância absoluta dos preceitos da sua religião e guerra sem tréguas na Terra até que todos os infiéis sejam subjugados, ao mesmo tempo que propagam um sentimento de injustiça histórica para com o Islão (Al-Andaluz, império otomano, conflito israelo-palestiniano, etc.) A diferença entre os dois casos (cristianismo e islamismo) é pois gritante e vê-se todos os dias no mundo árabe, onde os cristãos são assassinados às carradas sem esboçarem qualquer género de resistência.

Por último temos os pagãos, que acreditam que restaurar os seus inúmeros deuses milenares vai permitir reavivar o sentido identitário dos europeus. É uma postura que a mim me parece, no mínimo dos mínimos, ingénua: o paganismo até pode ter caído por via da espada, mas não caiu só por via da espada. A concentração das divindades num só deus omnipotente e omnisciente não é um acaso da história, é uma política deliberada dos líderes religiosos das confissões abraâmicas, aperfeiçoada ao longo de séculos, para depauperar os deuses das suas características humanas e assim aumentar a incontestabilidade dos dogmas religiosos.

É por isso, caro trolha, que a questão da religião no âmbito do Nacioanlismo não é assim tão trivial.

Afonso de Portugal disse...

Israel: Eu sou da opinião de que a questão em torno de Israel não é de todo Israel, mas sim a velha questão do nacionalismo clássico, no fundo o velho e ultrapassado nacional-socialismo do início do séc. XX que, infelizmente, demasiados nacionalistas contemporâneos ainda subscrevem. Como assim? É simples e resume-se a uma palavra: judeus. Onde houver judeus, o NS clássico há-de sempre torcer pelo seu antagonista, nem que seja o próprio Diabo. Desconfio que os NS até o Mugabe eram capazes de apoiar se ele desatasse a matar, a perseguir ou simplesmente a dizer mal dos judeus. Isto porque a ideologia NS não se sustenta sem a figura do judeu como o grande orquestrador de todos os males do mundo moderno. O NS não encontra outra explicação para a degradação do Ocidente, portanto tudo começa e acaba nos judeus.

Ora, o caso do caro Trolha até pode ser diferente, nem todos os opositores de Israel são fanáticos admiradores incondicionais da ideologia que levou à ascensão do Terceiro Reich. O caro Trolha escreveu «Os defensores de um nacionalismo "moderno" pró-Israel que me perdoem, mas qualquer movimento pró-sionista é por natureza pró-capitalista e anti-revolucionário.»

Ao Trolha faço imediatamente a pergunta que faço a todos os que se opõem a Israel e para a qual nunca obtive uma resposta minimamente satisfatória (pode ser que seja desta!): Imaginando que Israel acabava hoje, o que faríamos aos milhões de judeus que teriam de abandonar o Médio Oriente em consequência? O amigo Trolha metê-los-ia em sua casa? E mesmo que não os metesse em sua casa, quem é que pagava o seu realojamento?... Assumindo que os judeus são de facto inimigos do Ocidente, como é que apoiar a existência de um país que mantém os judeus longe do Ocidente é ser antinacionalista?

E acrescento outra pergunta igualmente pertinente: como é que apoiar a existência de um país numa qualquer parte do mundo se traduz em ser a favor do capitalismo ou em ser anti-revolucionário? O capitalismo é um modelo económico, não depende da existência desta ou daquela nação noutra parte do mundo. Da mesma forma, ser-se ou não revolucionário não depende da existência desta ou daquela nação noutra parte do mundo.

“É o capital que escraviza o nosso povo, defende-lo, é não mudar nada.”

Não, não é o capital, não por si só. É a corrupção das elites governativas que elegemos para nos governar. Sem capital seremos apenas Cuba, a Venezuela sem petróleo ou a Coreia do Norte sem armas nucleares. E isso seria, quantio a mim, absolutamente inaceitável. O Nacionalismo não é anticapitalista, é contra o capitalismo selvagem. São coisas totalmente diferentes.

Afonso de Portugal disse...

«Resta-nos a Raça (…) O Diabo desta semana traz um artigo sobre Marcelino da Mata.»

Não é pelo facto de haver negros que se destacam pela sua bravura e sacrifício que deixa de haver um povo português, branco e europeu, que urge preservar a todo o custo.

Aliás, se tanto faz termos fulano como sicrano em Portugal desde que adoptem determinada postura, então há gente boa e gente má em todo o lado e os multiculturalistas é que têm razão. Não, caro Trolha, a raça é parte indelével do problema nacionalista.

Agora, o que talvez seja contraproducente –e é aí que eu julgo que alguns nacionalistas falham- é fazer da raça um cavalo de batalha permanente, sobretudo quando se te tenta cativar eleitores. A raça e o contexto cultural dos criminosos alógenos devem ser mencionados nas notícias. Mas teorias ultrapassadas de “racismo científico” e supremacia racial devem ser completamente erradicadas do discurso nacionalista contemporâneo. Essa foi uma das mais valiosas lições que Wilders, Le Pen (filha) e Farage nos ensinaram em anos recentes. Já vai sendo tempo de a aprendermos.

Afonso de Portugal disse...

Agora, caro Trolha, permita-me que fale um pouco do DE;

Democracia: esta é, quanto a mim, a grande barreira ideológica que me separa de uma parte muito considerável dos nacionalistas portugueses. Quanto a mim, a Democracia é sagrada. A sua existência é absolutamente inegociável, não há liberdade sem Democracia, muito menos autodeterminação dos povos.

No entanto, descobri com especial assombro que há muitos nacionalistas portugueses que não só odeiam a Democracia como aspiram a destruí-la, se for preciso recorrendo à violência e à revolução armada. Jamais, repito JAMAIS farei parte de qualquer projecto que tenha como objectivo derrubar o regime democrático para colocar um qualquer ditador no poder. Revoluções constantes e regimes totalitários há muitos em África e é ver a miséria e anti-humanidade que lá grassa.

Não, lamento, mas a ausência de democracia não serve, muito menos num país que está integrado na UE, faz parte da OTAN e está mais perto dos EUA do que qualquer outro país europeu.

Por fim, temos a Economia. Também aqui é difícil perceber o que alguns nacionalistas querem.

Uns parecem quase comunistas, insurgem-se contra qualquer um que tenha um boa casa, um bom carro e um salário decente. Bom mesmo era que tudo pertencesse ao estado, todos os bancos, todas as grandes superfícies comerciais, todas as escolas, todas as centrais de produção e infra-estruturas de transporte e de distribuição de energia eléctrica.

Outros é o precisamente oposto, devia ser tudo –mas mesmo tudo- privado, até a água, os bombeiros, a polícia e a gestão dos estabelecimentos prisionais, porque sim, porque o estado é ineficiente e despesista…

Pelo meio, os nacionalistas não se entendem quanto ao modelo económico a adoptar para a o país. Produção nacional? Apostando em quê? Na agricultura? Nas pescas? No turismo?... Não há consenso. O melhor é mesmo aumentar a procura interna, dizem outros, sem nunca concretizarem como é que isso seria sustentável a longo prazo, nem de onde viria o dinheiro para ser gasto pelos consumidores.

O desnorte em relação à economia é, na minha modesta opinião, uma das principais causas pelas quais o nacionalismo português não tem credibilidade entre o eleitorado.

Ainda há muito trabalho de casa a ser feito neste campo…

Por último, peço desculpa ao Trolha por me ter alongado tanto nos comentários, mas estas questões são complicadas e é preciso algum texto para emitirmos um opinião com cabeça, tronco e membros.

Saudações!

Anónimo disse...

Em grande medida, o nacionalismo portugues tem sido, nos últimos anos, o sketche do Herman José: eu é que sou um presidente da junta. Haja grupos e grupinhos. Quando se fala em unidade, é uma utopia. As rivalidades pessoais estragam tudo e tudo se resume ao que dizia Codreanu: o país ( e neste caso o movimento) nao tem falta de programas, tem falta de homens, de quem possa colocar-se verdadeiramente ao leme disto, levando as coisas para a frente. Mas também de seguidores leais e dedicados.

Vasco Dionísio disse...

Um bom dia.
O que escrevi sobre o nacionalismo foi, de forma muito resumida, uma opinião sobre a condição actual e passada do mesmo em Portugal. As questões fracturantes entre as diferentes correntes nacionalistas/patrióticas em solo lusitano, foram abordadas superficialmente e de forma simplista. Muitas vezes aprofundar é sinónimo de complicar.
Aprofundando sem complicar a matéria. Quando afirmo que " a religião é uma questão do foro interno de cada um", não ignoro que esta condiciona as acções dos crentes. No entanto o caminho é apenas um. Se estivermos todos no mesmo ponto e convergirmos para o superior interesse nacional, o trilho a palmilhar será o mesmo.
Penso que é do senso comum a importância do catolicismo na história de Portugal e da Europa. Foi a Igreja que preservou o conhecimento das civilizações pré-clássicas cunhado no renascimento carolíngio e que, na Idade Média, imprimiu a matriz civilizacional da europa ocidental. Os nomes que citou amigo João, são de Homens de uma grandeza inigualável, colocar o seu valor em causa é impronunciável. Degrelle é um exemplo de que a religião no âmbito do Nacionalismo pode ser trivial caro Afonso. Católico convicto, lutou de forma exemplar sob as runas das SS na defesa do nacional-socialismo pagão. A seu lado lutaram hindus, protestantes e divisões inteiras muçulmanas no corpo militar de elite do Reich alemão.
Também não compreendo a necessidade de difamar as crenças alheias de forma a elevar as nossas. Complexos de inferioridade seguramente.

Vasco Dionísio disse...

Na questão de Israel os meus dois camaradas tiraram conclusões precipitadas das minhas afirmações. Por não apoiar Israel não significa que apoie os seus inimigos ou que seja contra a existência do Estado de Israel. Pelo contrário, encaro o fundamentalismo islâmico como uma das grandes ameaças à identidade europeia. O espaço geográfico do povo eleito também não me importuna. O que nos afecta a todos é a teia económico-financeira que se estende de Israel por todo o mundo e dá o poder imensurável que a minoria judaica detém. É através do capitalismo e apenas com o capitalismo que fazem prevalecer os seus interesses no mundo ocidental. A prova do que afirmo é a liberdade militar com que encetam as campanhas contra um povo que pouco mais do que AK-47 tem para se defender. Não apoio a Palestina, mas tenho filhos e, todos os dias vejo crianças palestinianas aos bocados…
Caro Afonso, não os recebo em minha casa, penso que estão bem onde estão, apenas gostava que o ocidente não lhes desse o apoio militar e tecnológico que para eles flui desmesuradamente.
Apenas conheço o capitalismo. Selvagem, doméstico, moderado… e é o capital que corrompe as pseudo elites governativas. Nada tenho contra a existência de ricos, apenas contra a existência de pobres.
A Raça é efectivamente um problema de resolução difícil no panorama nacionalista português. Defendo as 14 palavras, acredito na identidade cultural e étnica dos povos. O que não aceito, fundamentado na nossa história, é que se desprezem pessoas com base na sua raça. Ainda no exemplo do militar mais condecorado das forças armadas portuguesas. Será Marcelino da Mata menos português do que um branco?
Le Pen e wilders ensinaram-nos a valiosa lição de que apenas abdicando dos nossos princípios se consegue singrar no regime actual. Veja-se a diferença de tratamento entre estes movimentos e a Aurora Dourada. Farage só com muito boa vontade se insere no campo nacionalista.

Vasco Dionísio disse...

Relativamente ao DE, não abordei estes dois pontos porque não me parecem relevantes no âmbito da discórdia nacionalista.
Existe algum movimento/partido em Portugal abertamente antidemocrático? Não conheço. A economia não é fonte de conflito porque como o Afonso muito bem afirmou não se consegue perceber o que os nacionalistas querem ou muitas vezes pensam.
O regime em que vivemos não é democrático. Nasceu de um golpe militar e o povo apenas escolhe dentro do reduzido leque de opções que dispõem. Os dados do jogo democrático estão viciados e os partidos dominam de forma criminosa um sistema podre até à medula.
É um facto que a base eleitoral nacionalista necessita de aumentar exponencialmente, em semelhança do que acontece no resto da europa. Esperar no entanto uma vitória nacionalista nas urnas é ingenuidade. Soluções? Ponham os olhos na Ucrânia. União entre todos os movimentos e aproveitar as oportunidades quando estas surgem.
No plano económico o Estado não pode abdicar das suas obrigações. Um Estado forte que faça prevalecer o interesse nacional acima de tudo o resto.
Como começo a saída controlada da EU e o regresso ao escudo. Já tenho algo mais pormenorizado meio alinhavado para colocar no blogue. Um destes dias.
Agradeço desde já a contribuição de dois valorosos camaradas e pela oportunidade de trocar ideias.
Saúde da boa.