sexta-feira, 29 de abril de 2011

Tintin na cadeia

Pode parecer ridículo, mas tudo leva a crer que será este o novo titulo da saga de Hergé, após o julgamento da obra "Tintin no Congo" pelo Tribunal de 1ª Instância de Bruxelas, no dia 30 de Setembro do presente ano.

Aparentemente, a obra atrás citada, ocupará o banco dos réus, acusada de possuir um carácter racista e xenófobo aos olhos da censura deste regime politicamente correcto.

Passagem do Mesolítico para o Neolítico.

O processo de neolítização refere-se à substituição de modelos económicos baseados na caça-recolecção por modelos assentes na produção de alimentos.
Os estudos em Portugal apontam para duas teorias distintas, que inclusivamente poderiam ter coexistido. O modelo difusionista ou démico, que contempla a colonização por via marítima, por povos com domínio na área da pastorícia e agricultura. A partir de determinadas áreas bem definidas partiriam então, para a ocupação de novos territórios.
O modelo indigenista, por seu turno, defende que a passagem do mesolítico para o neolítico aconteceu com a aquisição de novas técnicas de produção por parte da população indígena.
Estas novas técnicas surgiram da necessidade de alimento, devido a uma alegada ruptura demográfico – ecológica, ou seja, o aumento demográfico das populações e uma possível escassez dos recursos, devido também às alterações climáticas, teria obrigado as populações do final do mesolítico a apropriarem-se de novos elementos tecnológicos exógenos.
Para validar cada uma destas teorias, existem uma série de estações arqueológicas, as quais passaremos a analisar.
Entre o núcleo mesolítico de Samouqueira I, Medo Tojeiro (6440 + - 140 anos BP), e o núcleo de Vale Pincel I (6700 + - 60 BP), considerado neolítico antigo pelos indigenistas, evidenciam-se aspectos que transmitem uma possível ideia de evolução do modo de vida entre as estações.
No entanto, para os defensores da teoria difusionista, todas estas estações são mesolíticas, independentemente de terem sido encontradas cerâmicas de decoração cardiais, próprias do neolítico.
Para João Zilhão; um dos principais mentores da teoria difusionista, entre 6000-5750
a.C., não existiam povoações neolítocas no território em estudo. Para este historiador, as primeiras povoações do neolítico antigo foram as estações de Cabranosa (5621 – 5369 a.C.) e Sitio do Padrão (5481 – 5305 a.C.), não havendo sobreposição de datas com as estações do mesolítico de Rocha das Gaivotas (6637 – 5969 a.C.) e Armação de Pêra (6009- 5669 a.C.).
Tais factos levam-nos a concluir que aquando da chegada, por via marítima, das populações neolíticas, o litoral Algarvio, se encontrava praticamente despovoado.
No seguimento da sua teoria, João Zilhão afirma que rapidamente estas populações teriam colonizado a região do maciço calcário. Nesta região, destacam-se: Cabeço de Pias (Torres Novas); Pena D’Água (Torres Novas); Eira Pereirinha; Buraca Grande e a Gruta do Almonda. Em todos estes núcleos apenas se conseguiram apurar duas datas com elevado grau de fiabilidade, (5477-5321 a.C. e 5285 – 4545 a.C.)
Nas estações supra referidas foram encontradas cerâmicas cardiais similares com outras recolhidas em Cabranosa e Padrão e também em Cova de L’Or (Valência), o que argumenta favoravelmente à deslocação de populações com modo de vida neolítica através de navegação de cabotagem.
Ou seja, neste período (5500-5250 a.C.), terão coexistido populações neolíticas no maciço central e Barlavento Algarvio, com populações com modo de vida mesolítico, situadas no estuário do Sado/ Tejo e Costa Vicentina.
No período compreendido entre 5000-4750 a.C., registou-se uma rápida expansão dos núcleos neolíticos em detrimento dos núcleos mesolíticos. Estes últimos, ficaram circunscritos aos concheiros do Vale do Sado, como é exemplo a estação, claramente mesolítica, de Amoreiras (5060 – 4720 a.C.) Neste período desaparecem os núcleos mesolíticos da Costa Vicentina, sendo substituídos por núcleos neolíticos. (Samouqueira II é um exemplo).
Da oposição entre a economia de produção e a economia de caça – recolecção observa-se que a primeira se adequa a um melhor atendimento das necessidades dos grupos de indivíduos, ou seja, não se trata de substituir a caça; pesca recolecção, características do mesolítico, mas de acrescentar ao modo de vida, a domesticação de animais e a produção de bens agrícolas, fazendo com que tivessem meios de subsistência mais completos e eficazes.
Podemos especular que, devido a esses novos meios de subsistência se tenha assistido a um significativo aumento demográfico e prova disso foi a rápida expansão demográfica, verificada nas populações neolíticas na Estremadura e Costa Vicentina, ocupando geograficamente os antigos núcleos mesolíticos (Estuário do Tejo e Litoral Alentejano).
A economia de produção inicia assim o princípio do mundo como hoje o conhecemos, condenando o modo de vida itinerante que caracterizava as populações do mesolítico.


Bibliografia:

Cardoso, João Luís in Pré – História de Portugal, Publicações Universidade Aberta.

Zilhão, João in A Passagem do Mesolítico ao Neolítico na Costa do Alentejo, Revista Portuguesa de Arqueologia, Volume I. número, 1998.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O seu a seu dono

09 Março 2011
Geração à Rasca - A Nossa Culpa
Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.




Recebi este texto por e-mail, através de mão amiga que, conhecendo a minha opinião sobre o assunto, sabia previamente que o seu teor provocar-me-ia um sorriso de orelha a orelha. Acontece que já tinha lido esta bela prosa no blogue da autora. "Assobio Rebelde" é o seu nome e Maria dos Anjos a pessoa que por lá assobia. Qual não é o meu espanto, quando verifico no e-mail que esta clarividente missiva era atribuída ao escritor Mia Couto... não é certo, o seu a seu dono.


terça-feira, 26 de abril de 2011

segunda-feira, 25 de abril de 2011

domingo, 24 de abril de 2011

Explicações de matemática

O FMI chegou e com ele os técnicos com capacidades matemáticas acima da média.


O défice apresentado pelo executivo de José Sócrates de 6,8%, relativo ao ano de 2010, sofreu nova alteração, desta vez para 9,1%. Por este andar teremos de juntar às contas de 2011 umas explicações de matemática aos lacaios do regime...


O mal amado

O demissionário ministro das finanças caiu em desgraça no burgo que tão assazmente defendeu durante os últimos anos.
Excluído das listas socialistas para as próximas legislativas, Teixeira dos Santos será um dos bodes expiatórios que o "chefe" usará para justificar o "terramoto" que se aproxima.



O diabo



terça-feira, 12 de abril de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Nomeados

Desde que o sr. Primeiro-Ministro pediu a demissão e esta foi aceite pelo sr. Presidente da Republica, foram nomeados ou promovidos 156 indivíduos para o aparelho do Estado.