domingo, 9 de dezembro de 2012

A Estrada


Este é o livro que serviu de argumento ao filme de John Hillcoat. A história de um pai e um filho que tentam sobreviver num mundo pós-apocalíptico. Um cenário de devastação total em que predominam os cinzentos  e onde duas personagens lutam diariamente para escapar à morte ou a um destino pior. Isto é o filme, um autêntico hino à sobrevivência.
O livro é diferente. Escrito pela mão de Cormac Macharthy, este romance é a prova viva da impossibilidade em transpor a escrita de um mestre de forma competente para a sétima arte. 
A narrativa arrasta o leitor ao longo da jornada das personagens de  forma intensa, sempre acompanhado pelo horror de um mundo primitivo, onde não existe um resquício de humanidade no coração dos homens. 
"(...)E então puseram-se os dois a caminhar no asfalto sob a luz metálica, cinzento azulada, a arrastar os pés na cinza e cada qual era o mundo inteiro do outro.(...)". Ao longo da estrada seguem ambos, pai e filho, em direcção ao sul, seguros que os laços que os unem são os alicerces da sobrevivência e da sanidade mental, num contexto limite que põe à prova a fé do mais fervoroso dos crentes. "(...)Sabia apenas que o rapaz era a sua garantia. Disse: Se ele não é a palavra de Deus, Deus nunca falou. (...)".

 Quando se volta a última página e se lê o último parágrafo, o que fica na mente não é o horror, a morte ou a destruição sempre omnipresentes na narrativa. O que permanece no consciente do leitor é o amor; O Amor que apenas um pai pode devotar a um filho.

A Estrada, um livro marcante da autoria de um escritor que é uma referência actual da literatura norte-americana.