domingo, 25 de julho de 2010

Praias da Costa 2

A estrada florestal da Fonte da Telha começa perto da Costa da Caparica e segue paralela à linha costeira. Quem conhece sabe que para os frequentadores das praias da linha da Costa é obrigatória, não há como evita-la.

Estreita, por marcar, são inúmeros os acidentes que aí ocorrem ao longo do ano, em especial no Verão. Para aceder ás praias sai-se do alcatrão e entra-se nas estradas de terra batida, desembocando algumas vezes em parques de estacionamento que servem algumas concessões.

É o caso da "picada" que dá acesso à praia do Rei, conjuntamente a outras 5 praias.

No caso da Fonte da Telha, junto ao posto da GNR, inicia-se uma famosa descida que termina no... caos total. A ultima paragem da rodoviária mistura-se com os vendedores ambulantes, que por sua vez montam o estaminé em cima das esplanadas dos restaurantes, atoladas com carros estacionados por pessoas que conduzem unicamente ao fim de semana.

Domingo a partir das 09:00 a fila começa no restaurante "Boina Verde". São 60 minutos para fazer 1000 metros e outros 60 para arranjar estacionamento. Quando se pisa areia já se perdeu meio dia e a paciência necessária para o resto da semana seguinte.

Essa descida que atrás referi , serve cerca de 10 praias no sentido Fonte da Telha/Costa da Caparica e, todas, repito todas as praias até à Lagoa da Albufeira, numa extensão de vários km das melhores praias europeias.

Imaginem o cenário, 14:00, 40 graus, presos no transito, janelas fechadas por causa do pó, impropérios e buzinadelas à descrição, o mar a 200 metros e a 2 horas de distância...

E isto tudo porque a área em causa é protegida. Não me entendam mal, sou defensor acérrimo do ambiente, mas há coisas que não se compreendem.
Eu explico, no ano de 1987 era Ministro do Ambiente Carlos Pimenta, efectuaram-se as primeiras demolições, tendo ficado de pé apenas as casas da comunidade de pescadores.
Ficou a promessa que essas mesmas casas seriam demolidas quando fosse construída uma vila piscatória, requalificando a zona de forma a viabilizar o turismo de forma sustentável.
Isto em 1987, passados 23 anos as casas multiplicaram-se de tal forma, que provavelmente vive na fonte da Telha toda a comunidade nacional de pescadores e ainda sobram casas.
Há de tudo, desde barracas tipo favela até autênticos palácios com vista para o mar.
E o que fazem os sucessivos autarcas comunistas e respectivas equipas? nada, nem um bocado de alcatrão para suavizar o sofrimento de quem quer apenas desfrutar, de um prazer que é de todos por direito.
E já agora, o condomínio fechado Herdade da Aroeira, com o respectivo campo de golfe, ocupa parcialmente parte da área protegida.
Comigo arrasava tudo, só lá ficavam os pescadores nas casas novas. Estradas de acesso e parques de estacionamento alcatroados para todas as praias. Os restaurantes saiam das dunas e passavam para junto dos parques. O negócio das concessões passava para as mãos da restauração, com responsabilidades implícitas na manutenção e preservação do espaço 365 dias por ano. Se cobram 2 € por um café também podem ter a praia limpa e vigiada. Obrigatoriamente teriam de se construir novos acessos, o congestionamento teria de ser solucionado. Seriam pensados e executados de forma a ter o mínimo impacto ambiental, mas teriam de ser feitos.
23 anos de hesitações comunistas, para resolver algo que facilmente se solucionaria com a implementação das medidas acima descritas. Deus nosso Senhor nunca me dê o cargo de Presidente da Câmara.

Praias da Costa 1

Como bom português que sou gosto do mar. A imensidão do azul marinho a findar na linha do Horizonte enche-me o espírito, fortalece-me a alma, dá-me alento para sobreviver neste mundo onde cada vez menos me reconheço.
Com a chegada do Verão, os muitos portugueses apreciadores de sol e mar acorrem aos areais de todo o país. Trata-se de um prazer, usufruído por um povo maltratado, que por ora não paga imposto.
Como profissionalmente estou em contacto com areia frequentemente, praia para mim é sinónimo de mar. De manhã, ao fim do dia, sempre que possível, mergulho no vasto Atlântico de onde saio rejuvenescido, deixando no oceano parte daquilo que me consome.
Acontece que infelizmente, a situação das praias da linha da Costa se vem deteriorando de ano para ano e os nossos dignos governantes, seja os de S.Bento, ou os das Autarquias nada fazem para inverter a situação.
Comecemos pelo principio: seja devido a alterações climáticas, ou a qualquer outro motivo, o que é certo é que o período balnear começa mais cedo. Quando as praias começam a ser vigiadas, já à várias semanas que são frequentadas. Os donos das concessões exploram as mesmas mal o calor dá sinal de si, mas nadador salvador só a partir de 1 de Junho.
Este ano perderam-se uma série de vidas à conta deste pormenor.
Umas palavrinhas para o nadador salvador. No meu tempo o contracto estipulava um horário flexível, era do nascer ao pôr do sol, assim todos os dias a partir de 21 de Junho trabalhava menos um bocadinho.
As tralhas das namoradas, nunca estiveram a menos de 2 metros do equipamento de salvamento. Jogos de bola perto das crianças era motivo de advertência, se fosse nas horas de maior enchente nem sequer começavam.
Se estava muito calor pegava na prancha de salvamento e punha-me ao largo, sempre de costas para o oceano, não ia "mamar imperiais" para o bar.
Se havia "jovens" com vontade de incomodar os restantes utentes, depois da advertência vinha o Cabo de Mar e, com a minha modesta ajuda resolvia-se a situação. Sem pedagogia, porque a pedagogia dá-se em casa, na praia dá-se com o que estiver à mão.
Surfistas e banhistas são como os macacos, cada um no seu galho. Skimming só ao nascer e ao pôr do sol.
Já sei, o leitor provavelmente já iniciou uma longa série de elogios, fascista, prepotente, tirano, etc, mas o que é certo é que as pessoas desfrutavam em paz de um prazer que por direito é de todos. O resto não me pesa na consciência.