sábado, 18 de setembro de 2010

A decadência do sistema multipartidário

A situação catastrófica que Portugal vive presentemente, é fruto do sistema vigente, uma "cleptocracia " de cariz pseudo democrático, pautada pelo "politicamente correcto".

Analisemos de principio o "cancro" que corrói a sociedade portuguesa à mais de 30 anos.

Um jovem que queira dedicar-se à causa publica começa obrigatoriamente pela inscrição nas juventudes partidárias. Mais à esquerda ou mais à direita, lá vai ele inteirar-se dos meandros da vida politico-partidária.
O chamado "combate politico" começa logo no secundário, com as diferentes listas para as associações de estudantes a serem controladas pelos partidos e apoiadas pelas associações do ensino superior. Menores com 15 anos e mais novos a iniciarem-se no caciquismo, utilizando todos os meios para se promoverem a si e aos interesses do partido que representam.

Nas universidades o panorama é em tudo idêntico, com a diferença que aqui a idade dos intervenientes ultrapassa muita vezes os 30 anos. Marmanjos, que a esta altura possuem já uma vasta experiência politica, fruto de vários anos no chamado "combate politico".

Portanto, chegamos à conclusão que independentemente do interesse dos estudantes, as associações politizadas até à medula, estão lá para defender as necessidades dos partidos. Quantas vezes esta ou aquela escola, participa ou não em protestos e reivindicações, baseada apenas na cor partidária do governo?

Daí para a frente, ou são integrados na maquina partidária, ou seguem as suas vidas, esperando pela oportunidade de um dia virem a ser nomeados para um dos cargos de "confiança politica". Nos dois casos o veneno já lá está, o jovem na sua "carreira" aprendeu como funciona o sistema, deve favores e lealdade que um dia lhe serão cobrados.

E que partidos são estes que monopolizaram e corromperam o sangue novo, fulcral para o desenvolvimento da Nação?

Podemos começar pela direita, ou "direitinha" se preferirem. O CDS nasceu no pós 25 de Abril para tentar enquadrar pessoas de bem que não se reviam na maré vermelha que imundou, perdão, inundou a Pátria. Nos seus quadros militavam pessoas competentes que tentaram endireitar o país perante as opções catastróficas tomadas por aqueles que no calor revolucionário, encaminharam Portugal para o abismo de onde ainda hoje não saímos.
Não conseguiram, por este ou aquele motivo o partido foi enfraquecendo e presentemente não passa de uma força populista que na primeira oportunidade governativa que teve demonstrou o seu real valor.

PS com ou sem D, venha o diabo e escolha. As semelhanças são tantas que apenas vou apontar as diferenças: ... pois, diferenças, diferenças...

O Partido Comunista Português foi e ao contrário do que afirmam os analistas políticos da nossa praça, o partido que sofreu a maior metamorfose. De uma força dominada pelos interesses do antigo bloco soviético, a entrega das colónias é prova do que afirmo, passou a defensora de uma politica patriótica de esquerda. Como se o patriotismo se coaduna-se com o universalismo que caracteriza a esquerda. Enfim...

Já o Bloco de Esquerda não passa de uma amalgama de pequenas forças de extrema esquerda, abrangendo anarquistas, maoistas, trotksistas e toda a espécie de gente que por aqui anda a ocupar espaço.
Projectados pela imprensa, a qual dominam parcialmente, atingem regularmente os 10% de votantes, apoiando temas como a despenalização do aborto, casamento gay, ou legalização das drogas. Quanto às outras matérias são do contra e basta. O seu maior pesadelo é um dia ganharem as eleições.

Os outros partidos, não têm expressão. A comunicação social não o permite. A imprensa está nas mãos dos grandes grupos económicos e são estes que promovem os 3 partidos do centro. O PCP e o Bloco contam com a simpatia e militância individual de alguns meios e todos os outros ficam de fora.
O poder destes indivíduos é tanto, que perante a opinião publica beatificam o maior dos canalhas e diabolizam o maior dos santos, tudo em nome do sistema democrático.

Durante o período eleitoral, o bombardeamento é constante, milhões de euros que ninguém sabe muito bem de onde vêm, são gastos de forma escandalosa num país que se arrasta de crise em crise à mais de 30 anos.

Depois das eleições, começa o saque ao erário publico. Independentemente da competência profissional, milhares de gestores e funcionários são substituídos. São os chamados cargos de "confiança politica", 3000 nomeações no caso de José Sócrates, 3000 indivíduos que ao serem substituídos receberam indemnizações que fariam corar qualquer governante do 3º mundo. 3000 novos empossados que nos contratos assinados asseguram as mesmas condições que tinham os seus antecessores.

Durante a governação a promiscuidade entre o publico e o privado chega a provocar náuseas. Centenas de cargos em empresas privadas ocupadas por ex-administradores públicos, ex-secretários de estado, ex-ministros... gente que muitas vezes nem curriculum tem, engenheiros e doutores da treta que a única mais valia é o cartão do partido, muitas vezes entregue na adolescência.

E não me alongo mais, podia falar da Justiça, da Educação, sectores base da sociedade também eles politizados, mas são outros temas. Lembro apenas que tudo seria mais simples se em consciência a classe politica portuguesa pudesse discursar desta forma:

«Devo à Providência a graça de ser pobre: sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, ostentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente. Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no Mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não por ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem.

António Oliveira Salazar


Adenda: Tomei a liberdade de copiar a citação do blog "Salazar o obreiro da Pátria", ao qual desde já agradeço.