Sempre o Diabo é o primeiro romance de Donald Ray Pollock, um escritor que teve a sua estreia em 2008 nos EUA após trinta anos como trabalhador fabril.
Sem concepções, a narrativa de Pollock arrasta-nos para uma espiral de violência crua, com a caracterização das personagens a definir inequivocamente as qualidades da prosa do autor.
O pano de fundo do enredo é a América existencialista do século XX na sua verdadeira dimensão. Parágrafo a parágrafo, página a página, as sensações despontam no leitor com a pérfida assumida de um murro no estômago. Para os que esperam um thriller estereotipado desenganem-se, nesta obra-prima não existem bons e maus, apenas a realidade tal como ela é, trágica, miserável, porca... No fim o leitor já perdeu toda a esperança na espécie humana.
Embora mais acessível do que estes, a narrativa assemelha-se à dos primeiros trabalhos de Cormac McCarthy. Demasiado rude para uns, sanguinário para outros, não aconselhável a leitores facilmente impressionáveis.
Adenda: Comprei o livro quando vi a sugestão no blogue A Corte na Aldeia. Bem-haja, vale um almoço.
2 comentários:
Temos de combinar isso, então. Verdade, não tem aquela mestria única do McCarthy, mas para estreia está muito bom e é uma excepção no meio de tanta porcaria aí editada e que passa por literatura a sério. Saúde!
Plenamente de acordo, uma lufada de ar fresco nos mais recentes lançamentos. Quando pensar em passar pelos lados da margem sul mande uma mensagem para irmos ao prometido almoço. Abraço e saúde da boa.
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