quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dominique Venner (II)

Deixo aqui a tradução da carta de suicídio de Dominique Venner, pousada pela sua mão no altar da Catedral de Notre Dame, nos derradeiros momentos da sua vida.


«Encontro-me saudável de corpo e mente, e pleno de amor pela minha mulher e pelos meus filhos. Amo a vida e dela mais não espero que a perpetuação da minha raça e do minha meu espírito. Portanto, no crepúsculo desta vida, diante dos enormes perigos para a minha pátria francesa e europeia, sinto o dever de agir enquanto tenho força. Creio ser necessário sacrificar-me para romper a letargia que nos assola. Ofereço o que resta da minha vida com a intenção de protesto e fundação. Escolhi um lugar altamente simbólico, a Catedral de Notre Dame de Paris, que eu respeito e admiro e que foi construída pelo génio dos meus antepassados sobre o local de cultos anteriores, relembrando as nossas origens imemoriais.

Enquanto muitos homens se transformam em escravos das suas vidas, o meu gesto encarna uma ética da vontade. Dou-me à morte para despertar as consciências adormecidas. Insurjo-me contra a fatalidade. Insurjo-me contra os venenos da alma e contra os desejos individuais invasivos que destroem as nossas ancoras identitárias e particularmente a família, base íntima da nossa civilização multimilenar. Tal como defendo a identidade de todos os povos nos seus respectivos territórios, também me insurjo contra o crime que visa a substituição das nossas populações.

O discurso dominante não pode deixar suas ambiguidades tóxicas, cabendo aos Europeus retirar as consequências. À falta de possuirmos uma religião identitária na qual nos revessemos, partilhamos, desde Homero, uma memória própria, repositório de todos os valores sobre os quais refundar o nosso futuro renascimento em ruptura com a metafísica do ilimitado, fonte prejudicial de todas as derivas modernas .

Peço perdão antecipadamente a todos quantos a minha morte fará sofrer, em primeiro lugar a minha mulher, aos meus filhos e netos, assim como os meus amigos e fiéis [ou camaradas]. Ma suma vez esbatido o choque e a dor, não tenho dúvida de que uns e outros compreenderão o significado do meu gesto e transcenderam a sua pena em orgulho. Desejo e espero que esses se juntem para durar. Vão encontrar nos meus escritos recentes o prenúncio e explicação do meu gesto.

* Para mais informações, podem dirigir-se ao meu editor, Pierre-Guillaume Roux. Ele não foi informado da minha decisão, mas conhece-me de longa data. »
 
 
 
Adenda: Tradução retirada do blogue Reverentia Lusa, efectuada por Humberto Nuno Oliveira, ao qual desde já agradeço.
 

9 comentários:

Anónimo disse...

Mas onde está o respeito pela vida ? pela sua identidade propria ? Já para não falar na mulher e nos filhos que deixa. Que diferença fará a sua morte para aqueles que ficam? Já a sua mulher e filhos provavelmente terão ideias diferentes. Puro egoismo. Já para não falar no ato do suicidio em si mesmo que considero uma verdadeira aberração e desrrespeito pela vida. Pois enquanto uns lutam para a ter outros desperdiçam-na por dá cá aquela palha, para fazerem ver ao mundo em como foram heroínas.
Desculpe mas fazer publicação duma história triste e enaltece-la mostra o quanto desprovidos de sentimentos e respeito são ainda algumas pessoas neste mundo de bestas artroses que apenas olham para a unica coisa que aprenderam e sabem olhar : o seu umbigo !
Já agora porque não se junta ou arranja um grupo de seguidores de suicidios em massa ?

Vasco Dionísio disse...

Bom dia caro anónimo(a).
Independentemente da forma como se encara o suicídio, um acto de coragem ou covardia, o facto é que ainda existem pessoas que colocam outros valores ou causas acima do da própria vida. Não são essas as fúteis, ou como disse, as que olham apenas para o seu próprio umbigo.
Dominique Venner era uma dessas pessoas e, optou por abdicar de algo que era dele e só dele. Estou certo que esposa e filhos, as pessoas que aqui invocou e conviveram com ele durante uma vida, o compreendem melhor do que você.
Quanto à última parte do seu comentário, agradeço que não venha para aqui escrever disparates a coberto do anonimato. Se não gosta do que aqui se escreve ou enaltece, tem bom remédio,não ponha cá os pés.

Anónimo disse...

Quando se fala do tema suicídio, há que respeitar ambas as partes, só quem já passou por isso pode avaliar, sendo que já estive tanto da parte do suicída, como da parte dos familiares, sei o que digo. O acto suicída, é um acto de extremos, tanto de coragem, como de covardia e nunca de egoísmo, egoístas são aqueles que não respeitam a vontade do suicída, só porque querem ter as pessoas junto delas, não respeitam a vontade própria do mesmo, isso sim é agoísmo. Um suicída quando comete o acto tem que ter muita coragem, no momento apenas prevalece na sua cabeça os motivos que o levam a fazê-lo, as razões e essas sim têm que ser respeitadas por quem cá fica, covardia, podemos considerar que é um acto de covardia apenas porque desitem de lutar, lutar por essas mesmas razões, sejam elas quais forem.
Nunca, mas mesmo nunca se deve julgar as pessoas por cometerem o acto suicída, porque nenhum de nós está na pele dessa pessoa, portanto jamais pode ter conhecimento do que lhe vai na alma, quais os sentimentos por que está a passar e as razões que o levam a cometer esse acto, para uns podem não ser válidas, mas para outros podem ser mais do que válidas...
Covardia, coragem, seja lá o que for, apenas temos que respeitar e não julgar.
Este comentário é anónimo, neste caso um 2º anónimo, apenas por respeito ao responsável deste blog, porque quanto a mim não teria problemas nenhuns de me identificar, já que a frontalidade é algo que faz parte da minha personalidade.

Anónimo disse...

Meus caros/as,
Verifico que muito t~em ainda de escalar
À vida devemos dar-lhe todo o respeito que ela merece e nós como humanos racionais, somos uma infima particula deste universo em que nada somos. Causas ? valores ? em detrimento da vida humana ? Paga-se com a vida para se defenderem causas ? Mas afinal onde estamos?
Quanto á resposta do Sr Vasco Dionísio apenas constato que é uma além de fria é também mal formada. Julga-se importante, julga-se alguém que sabe escrever e que sabe o que diz. Acredito que quem o defende é alguém dos seus conhecimentos que deixe que lhe diga devem ser poucos.
Mas não venho aqui ofender quem quer que seja, mas sim o que aqui se escreve, as parvoíces que deveriam ficar na gaveta ou num diário de um trolha que não sabe nada da vida.
Sr Trolha informo que aqui neste blog cultura e bom senso é algo que não habita, e lamento desapontá-lo mas sendo este um blog público outra coisa que deveria saber é que não pode negar ou proibir a entrada de ninguém mesmo que os comentários não sejam do seu agrado, ou não lida bem com o que não lhe agrada ou com o que vai contra as suas ideologias ? Respeite e dê-se ao respeito e acredite que a vida ainda tem muito que lhe ensinar.
Talvez um dia quando perder alguém que lhe seja querido sinta o verdadeiro valor da vida, pois pelo que constato nenhum dos dois o sabe!

Anónimo disse...

Quando uma pessoa se sente no limite das suas capacidades para tentar superar a angustia, o desespero instala-se e compreende-se que considere prescindir do direito á vida. Mas essa opção é uma solução permanente que na altura parece a melhor forma de lidar com o problema, mas não ha retorno ! E isso sim é desrespeito pela vida como aqui foi dito.
Cerca de 1 milhão de pessoas em todo o mundo tiraram a sua própria vida ou seja aproximadamente 1 morte em cada 40 segundos !!
O que aqui os meus caros “ cronistas “ não entendem, começando pelo Sr Trolha que é quem publica esta notícia triste enaltecendo-a erradamente como algo heroico é que a intenção de quem não está bem com a vida é de parar a imensurável dor psicológica e não pôr termo à própria vida !!
O que acontece é que essas pessoas que naquele momento estão débeis não têm a ajuda e aconselhamento de quem os rodeia, esses sim são os egoístas que não ligam aos sinais que vão sendo dados, na esperança que essas pessoas t~em de serem salvas ! eles queriam simplesmente fugir das duras realidades da vida e das tensões com as quais não conseguiram lidar. Mas pagar isso com a vida não faz sentido, e nós que cá ficamos enaltecemos isso ? e chama isso de egoísmo ? Não, egoísmo é nºao os ajudar. Pelos que partiram nunca podemos enaltecemos como heróis, mesmo que partindo por uma causa. A vida foi-nos dada pera ser vivida ! E não para a usarmos como pedra que atiramos ao que não nos agrada ou ao que nos supera !
Não devemos julgar quem se suicida ? Devemos sim, não só quem parte mas como quem fica e tentar perceber o que correu mal . Além de quem cá fica tem de ficar com o desgosto da perda estupida de alguém que não soube ter força suficiente para ultrapassar o que fosse. Egoísmo é quem os deixa ir.
Quanto ao anonimato que aqui todos falam também eu decido ficar como anónimo, pelo que acredito que o sr Trolha antes de atirar pedras para o ar veja e reveja bem os seus telhados e além disso pense bem no que escreve antes de publicar seja o que for. Concordo também que deve guardar os seus desabafos e angustias dentro da sua gaveta ou que ganhe algum outro cuidado literário e modos menos agressivos.
Um dia de luz para todos vós e que cada um saiba que ninguém é mais que ninguém e que o respeito por tudo lidere as vossas ações e pensamentos. Vivam a vida no que ela tem de melhor e aproveitem-na, não a desperdicem, porque nesta morada não voltam a estar !

Anónimo disse...

Enaltecer a desgraça alheia em blogs significa que algo vai estando muito mal no entendimento do ser humano. Temos a mania que somos gente, que somos superiores aos nossos semelhantes, mas não passamos de pó e no fim estaremos todos na mesma " casa " quer sejamos verdes ou amarelos.
Namasté

Anónimo disse...

Leva-me a crer que por aqui se fala muito de respeito, agoísmo, valores, etc, mas muito poucos comentários respeitam o tema. Mas afinal não temos todos o direito de pensarmos de maneira diferente? Será que quem não está bem com a vida, ou com o encaminhar da humanidade, a verem perder-se valores que jamais deveriam de ser perdidos, e/ou outra coisa qualquer, não têm o direito de decidir sobre a sua própria vida? Reparem, não se discute de tirar uma vida qualquer, discute-se tirar a sua PRÓPRIA vida, em prol de algo em que se acredita. Com todos esses comentários em defesa da vida, apenas vejo uma coisa, egoísmo, sim egoísmo, e não é da parte do suicída, pois aqui não se está a respeitar as suas ideias e ideais, se ele(a) tomou essa decisão é porque acredita em algo mais, que vai muito mais além do que mente de Humanos Racionais como aqui já se falou e nem por isso deixa de ser racional, de forma alguma. Mas enfim, a nossa Sociedade já não acredita nem em alguns valores e muito menos em ideologias concretas, por isso é que estamos como estamos...Confesso que de alguma forma me intristesse que quem pensa de forma diferente da maioria da nossa sociedade de hoje, seja punido e crucificado e ainda me falam de outros tempos...Oh tempo volta para trás.

Anónimo disse...

Ninguém tem o direito de decidir sobre a própria vida como se esta fosse uma mera casca de banana que se deita fora. Quantas e quantas pessoas lutam para a ter e quantos e quantos outros a esbanjam desmedidamente só porque se acham no direito que são donos dela !
Tirar a sua PROPRIA vida em prol de algo que se acredita ?? Oh tempo volta para trás ? Penso que estejamos perante pensamentos neonazis, mas lamento dizer que isso é passado e graças a deus que o é ! Lamento que hajam pessoas com estes pensamentos e aqui sim, é por isso que este mundo está da forma como está : PODRE e sem valores !

Anónimo disse...

Quem pretende lutar por valores usa outros instrumentos que não a vida própria ou a dos outros.Isso é ir pelo caminho mais fácil. Mas aqui parece que não é isso que está em causa. Concordo que não se deve glorificar atos menos próprios mas sim tentar perceber e ajudar quem os pratica. Sou contra o suicídio tenha ele as causas que tiver, pelo mesmo principio que aqui já foi mencionado e que é o respeito pelo ser humano, neste caso a vida.