domingo, 25 de julho de 2010

Praias da Costa 1

Como bom português que sou gosto do mar. A imensidão do azul marinho a findar na linha do Horizonte enche-me o espírito, fortalece-me a alma, dá-me alento para sobreviver neste mundo onde cada vez menos me reconheço.
Com a chegada do Verão, os muitos portugueses apreciadores de sol e mar acorrem aos areais de todo o país. Trata-se de um prazer, usufruído por um povo maltratado, que por ora não paga imposto.
Como profissionalmente estou em contacto com areia frequentemente, praia para mim é sinónimo de mar. De manhã, ao fim do dia, sempre que possível, mergulho no vasto Atlântico de onde saio rejuvenescido, deixando no oceano parte daquilo que me consome.
Acontece que infelizmente, a situação das praias da linha da Costa se vem deteriorando de ano para ano e os nossos dignos governantes, seja os de S.Bento, ou os das Autarquias nada fazem para inverter a situação.
Comecemos pelo principio: seja devido a alterações climáticas, ou a qualquer outro motivo, o que é certo é que o período balnear começa mais cedo. Quando as praias começam a ser vigiadas, já à várias semanas que são frequentadas. Os donos das concessões exploram as mesmas mal o calor dá sinal de si, mas nadador salvador só a partir de 1 de Junho.
Este ano perderam-se uma série de vidas à conta deste pormenor.
Umas palavrinhas para o nadador salvador. No meu tempo o contracto estipulava um horário flexível, era do nascer ao pôr do sol, assim todos os dias a partir de 21 de Junho trabalhava menos um bocadinho.
As tralhas das namoradas, nunca estiveram a menos de 2 metros do equipamento de salvamento. Jogos de bola perto das crianças era motivo de advertência, se fosse nas horas de maior enchente nem sequer começavam.
Se estava muito calor pegava na prancha de salvamento e punha-me ao largo, sempre de costas para o oceano, não ia "mamar imperiais" para o bar.
Se havia "jovens" com vontade de incomodar os restantes utentes, depois da advertência vinha o Cabo de Mar e, com a minha modesta ajuda resolvia-se a situação. Sem pedagogia, porque a pedagogia dá-se em casa, na praia dá-se com o que estiver à mão.
Surfistas e banhistas são como os macacos, cada um no seu galho. Skimming só ao nascer e ao pôr do sol.
Já sei, o leitor provavelmente já iniciou uma longa série de elogios, fascista, prepotente, tirano, etc, mas o que é certo é que as pessoas desfrutavam em paz de um prazer que por direito é de todos. O resto não me pesa na consciência.

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